o baú das pequenas coisas

Escrito em janeiro de 2011, quando a gente nem tinha previsão de se ver e nem de ficar juntos, o cara me conquistou com esse poema. "Estranho seria se eu não me apaixonasse por você".

Mandy



Ouvi dizer que Sol e Saturno já não estão se entendendo
Enquanto isso eu escrevo esse poema
Pouco me importa se os deuses se digladiam no espaço
Enquanto isso eu escrevo esse poema num guardanapo
Pouco me importa se os deuses se digladiam no mar
Enquanto isso eu escrevo esse poema
Enquanto isso eu desejo a flor e a dor de amar

Amar Amanda, por exemplo
A minha mortal de 16
Cada centímetro de suas imperfeições
Um olho grande por vez
Seu nariz avantajado
Os metais na sua boca
A sua voz quando está rouca
O seu corpo renascentista
de onde afloram mil afrodites,
algumas judites e flores venenosas

Eu li no horóscopo do dia:
“A relação pode ser tensa, profunda, rica e desafiante”
Agora sei que somos signos cardinais
Que tendemos a agir com rapidez
Que meu mundo é menos e o dela é mais
Que captamos nossos pecados capitais
sem que nossos corpos se saibam
Não, eles não se sabem
Enquanto isso apenas escrevo esse maldito poema

Enquanto isso o garçom me renova o copo
Me afaga a alma acendendo meu cigarro
E os versos já nem cabem mais num só guardanapo
Nem minha pequena Amanda cabe em meu peito
Meu peito agora é pouco, ela não cabe

Por isso preciso de dois corações agora:
Um que em mim more aqui dentro,
outro que parta vida afora,
que crie asas,
que me traga a minha pequena mortal
e suas 16 primaveras

Logo cedo consultei o horóscopo do dia:
“Eu sou de Áries e ela tem 16"


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Adoro a gente ser NÓS

Foi nesse tal dia vinte que "a gente" virou "nós" oficialmente, com meu pedido de namoro: "Amor, lembra que você me pediu em namoro e falou que quando eu quisesse namorar de verdade eu teria que te pedir? Quer namorar comigo?". Agora, pensando bem, ele bem que podia ter dado uma de difícil. Mas não, ele não resiste ao meu charme, só pode ser isso.


Na verdade acho que nós é nós há mais tempo, desde nosso primeiro encontro onde estourei aquele cravo – com êxito, não achem que é fácil - nas costas dele; quando ele me rodopiou ao lado daquela igreja num calor infernal onde uns velhinhos jogavam dominó, onde meu aparelho bateu no lábio dele, e ele fingiu não ser nada; desde quando a gente riu sem parar a tarde inteira. Não sei ao certo o momento. Amor não tem nada de exato. Amor tá mais pra área de Humanas.

Quando começou não importa, o totoso é ser. E como disse o Gessinger-cabelo-perfeito em 3x4: "O que não dá pra evitar e não se pode escolher".

Mandy